21 de dezembro de 1997. Há cerca de dezoito anos, o Vasco da Gama se sagrava tricampeão brasileiro diante do Palmeiras, com quase 100 mil espectadores num Maracanã lotado.
Calma, meu amigo. Muita calma nessa hora. Sobretudo se você ainda não atingiu a maioridade, como este título, e começou a acompanhar futebol dos anos 2000 pra cá. Sim, eu disse Vasco campeão brasileiro, diante do Palmeiras, com quase 100 mil espectadores no Maracanã. Não estou delirando. Quer mais? Então, vamos lá.
O Vasco teve, naquele ano, o melhor ataque, a defesa menos vazada e o artilheiro da competição, Edmundo, que bateu o recorde de gols na era do mata-mata. Sim, ele mesmo:Edmundo, que hoje é comentarista da Band e, assim como o colega Juninho, não perde uma oportunidade de alfinetar seu "clube do coração". E você não leu errado quando eu disse que, mesmo com essa campanha histórica, o Vasco precisou disputar uma final contra o Palmeiras. Foi isso mesmo, e quase foi-se tudo por água abaixo numa cabeçada à queima roupa do cabeludo Oséas, que o arqueiro vascaíno Carlos Germano defendeu, aos 44 do segundo tempo. Sabe como eu sei de tudo isso? Porque eu ESTAVA lá...
A dupla Edmundo e Evair voltou a ser campeã brasileira, em 93 e 94 pelo Palmeiras, dessa vez pelo Vasco. |
O ídolo Edmundo vivia às turras com a torcida e, pra piorar, Carlos Germano, um dos pilares daquele time, ameaçava se transferir pro Fluminense, que conseguiu via tapetão (uma das poucas coisas que não mudou) sua permanência na Série A. A campanha começou com derrota contra o Corinthians num jogo em que o Animal foi expulso e Caetano, reserva de Germano, falhou feio no segundo gol adversário.
Num clássico contra o Flamengo, Edmundo marcou três dos gols da goleada em 4 a 1. |
Após duas derrotas, contra Santos e Grêmio, e uma vitória, contra o Sport, no retorno de Edmundo ao Nordeste, o Vasco despachou o União São João, de Araras-SP (que fim levou?), com uma goleada de 6x0. O Animal foi o autor de todos os tentos naquela noite, e estabeleceu novo recorde de gols numa partida. O detalhe é que ele ainda perdeu um pênalti. Outro revés contra o Vitória, em Salvador, e nova sequência de cinco vitórias, que terminou num empate sem abertura de placar contra o Cruzeiro, no Mineirão.
Edmundo comemora um dos gols da goleada sobre o União São João. |
Após vencer o Juventude por 3x0 no Olímpico (lembram dele?), e empatar com o Flamengo num jogo que teve recorde de público no Maracanã, o Vasco começou perdendo pra Portuguesa, mas virou a partida com gols de Juninho e Edmundo, sempre ele. Nova vitória contra a Lusa, desta vez no Canindé, e o time precisava apenas de um empate contra o Flamengo para garantir vaga na final após oito anos.
Mas quem disse que aquele time se contentava com empate? Foi chocolate, amigo, com direito a três gols de Edmundo, quebra de recorde e olé pra cima da urubuzada! Eu estava lá! Ninguém me contou, não. Chorei feito criança (que era) após o terceiro gol de Edmundo, o do recorde, quando ele colocou o lendário Júnior Baiano, seu desafeto (naquele tempo havia isso), pra dançar e fuzilou o goleiro Clemer.
O primeiro jogo da final, contra o Palmeiras de Felipão (o verdadeiro, do Penta, não a Bruxa do 7x1), foi tenso, sobretudo após a expulsão de Edmundo. Menos mal que Eurico Miranda (também o verdadeiro, não o atual) conseguiu um efeito suspensivo e garantiu a presença do Animal na partida no Maracanã.
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Juninho Pernambucano no primeiro jogo da final. |
Por tudo isso, quero dizer que entendo caso você, leitor, que hoje tem a mesma idade que eu na época, não acredite no que estou te escrevendo agora. Eu também não acreditaria, assim como não iria crer se, em 1997, me dissessem que o futuro do meu time seria esse. Lamento por aqueles que não puderam ver o que eu vi, porque diante dos rumos do futebol e do Vasco, talvez não haja outra oportunidade...
E lá se vão dezoito anos...
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