segunda-feira, 20 de julho de 2015

Que en paz descanse!




 Morreu na última quinta-feira, justamente 65 anos depois de ter alçado o maior feito de sua carreira ( e de nos ter causado a derrota mais doída antes dos 7x1), o uruguaio Ghiggia, autor do gol que deu à Celeste o título da Copa do Mundo de 1950, e que calou 200000 pessoas num Maracanã lotado, que comemorava antecipadamente um titulo que não veio.

 Ghiggia era o último jogador vivo daquela seleção que, ao se sagrar bicampeã mundial, sagrou-se a maior potência do futebol mundial, pois contava até então com dois títulos olímpicos e oito Copas América. Aquele triunfo, porém, foi um divisor de água, tanto para os vencedores, que de lá pra cá sofreram com o ocaso de nunca mais voltar a uma final de Copa, quanto para os vencidos, que se sagraram pentacampeões.

 O futebol uruguaio, hoje, vive uma espécie de reconstrução. Após décadas participando somente como figurante em mundiais, chegou de forma briosa às semifinais da Copa de 2010, na África do Sul, e conquistou, ano depois, sua décima quinta Copa América, a primeira desde 1995. O surgimento de jogadores como Muslera, Godin, Cavani e, principalmente, Suazez, também foi um alento para o país latino americano, um dos últimos onde o esporte bretão ainda faz juz ao nome.

 Assistir a uma partida entre Nacional e Peñarol, por exemplo, é como voltar no tempo. O Estádio Centenário de Montevideu não lembra em nada as arenas do futebol moderno, tampouco as hinchadas carboneras e tricolores se comparam aos clientes do futebol gourmet atual. E estamos falando do maior clássico do país, disputado no maior estádio deles. Peñarol e Nacional somam, juntos, oito Libertadores (cinco do primeiro e três do segundo), e seis mundiais (três de cada). Verdade que há muito tempo não conquistam nada, mas o Peñarol esteve perto disso, em 2011, quando perdeu a final sulamericana para o Santos de Neymar e Ganso no Pacaembu.

 Ghiggia iniciou sua carreira no modesto Atlante, passou pelo igualmente pequeno Sudamerica, chegou  ao Peñarol, de onde saiu para jogar na Roma e no Milan, até encerrar a carreira em 1968, no Danúbio, clube que tem a camisa igual a do Vasco da Gama e, segundo dizem os uruguaios, teria sido o verdadeiro inspirador da indumentária cruzmaltina, ao invés do River Plate. A versão ganha ares de realidade se pensarmos que Ondino Vieira, técnico cruzmaltino que idealizou o manto, era uruguaio.

 Nesta semana triste para o futebol sulamericano e mundial, esperamos que o reencontro de Ghiggia com Barbosa seja de alegria para ambos, e como dizem nossos hermanos uruguaios, "quem en paz descansen"!

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